segunda-feira, 22 de março de 2010

Por detrás de uns óculos duros,
um homem chora,
enquanto o jornal diz: morre-se por acidente de trânsito

Tantas pessoas transitam num curto espaço, fazem curto, o tempo

Nunca comeu maçãs do amor, nem soube presentear flores,
tampouco escrever poemas
(Se já, esqueceu-se)
Mas aprendeu que amava e que amar rimava também com portões altos, assinaturas
Nisso está de acordo com seu tempo, não enxerga portas na ponta do nariz

Largado em um banco, pouco olhou para os cadarços dos sapatos, gastos, gastos,
Nem para, no bolso, a carteira, metonímia vigente
Pouco percebeu um cheiro de feijoada do bar da esquina, nem namorou o único beija flor da cidade
Só via aquele Amor do lado de lá das lentes de seus óculos
E se sorria se Ele lhe acenava!
(Enquanto ela lá, só,
mais um sucesso no rádio, cheirando a suor,
os olhos, tão bonitos, presos em dois cortes assimétricos, pronta sem atinar,
os dedos rubros de brincar com rosas, um dia vai morrer)

Não sabe estar naquele banco que podia ser no meio da rua, tem os olhos grandes demais

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