quarta-feira, 17 de março de 2010

Repletas de sábado nos olhos
Multidões caminham, é noite
Que sopro de delícia no peito é esse,
- ninguém mais respeita a sinalização?

Quebraram a vidraça do mundo, parece
Sobem e descem da grama tanto
E há uma festa nas pernas soltas das moças
E os homens brincam de amarelinha
Na boca, na boca, pedem o esquicho do Carnaval
Ô, meu bem, será que você vem?

E, será, dormem as engrenagens fabris?
Não, o Carnaval fez a produção maior, fez até fantasmas a cinco centavos,
gentes dormem enquanto ganham as avenidas

É de se maravilhar, tamanha desenvoltura

(E soltaram os cães,
não sei se é de se fazer festa em seus pêlos
ou se é o caso de fugir de suas mandíbulas)

E soltaram uma nau no meio da rua
Ela segue, impávida, enfeitada, competente
repleta de amor livre,
Ela é o Carnaval

É de se tentar ver que rios correm por debaixo dessa nave balouçante,
dessa gangorra, o parque colorido,
Quais dedos apertam os lemes da alegria e encerram crianças nos porões?
Quais carnavais ensinam o frescor?

É de se sorrir, esse Carnaval,
e sorrio e choro e
algo se descompassa se não é uma dança da menina travestida
que passa no meio desse samba despedaçado, lindo, lindo

Arquivo do blog